segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Morro lentamente.


Morro lentamente a cada instante em que me recuso a viver sob regras redigidas e regidas por mim. A cada momento em que ouvir, dançar, sonhar, ler, escrever se tornam obrigações e não o que necessariamente desejaria fazer.
Morro lentamente por que me transformei em um escravo de tudo, do mundo, do viver. Repetindo diariamente todas as funções, emoções e gestos.
Morro lentamente por ter medo de mudar, de arriscar e/ou de apenas ser eu mesmo. E continuo a morrer, reclamando da vida, de tudo, de todos, da sorte.
Morro lentamente, vagarosamente, incessantemente, desesperadamente, insuficientemente, mas morro e sigo a morrer. E nessa necessidade disfarçada de morrer e/ou mesmo de matar o que sou para nascer como quero ser, almejo ser, desejo ser, vou esquecendo que nem a morte é tão simples quanto o simples fato de não respirar.
E concluo que nem morrer lentamente me é permitido e assim decido viver, já que o morrer não me cabe.

Inspirado no texto de Pablo Neruda “Morre lentamente”.

Por Lila Nogueira.

2 comentários:

  1. Viver não seria já uma espécie de morte?

    Icógnita

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  2. Viver seriia siim uma especie de morte, porem vulgar e ofensiva dimais para encararmos de frente... Com a coragem que nos falta a todo momento e ha todo instante ! Quem me disser que encara a viida de frente estará mentindo para esconder-se mais uma vez...

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